Inflação tem melhor janeiro desde 1994

Inflação tem melhor janeiro desde 1994
Limão foi um dos produtos que mais caíram de preço no mês de janeiro: 19,1% (Wenderson Araujo/Trilux)

A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou janeiro com alta de 0,16%, ante uma elevação de 0,52% em dezembro, informou nesta terça-feira, 11, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É a menor taxa para um mês de janeiro desde o início do Plano Real, em 1994.

O resultado foi idêntico à mediana das estimativas dos analistas. O intervalo das previsões ia de alta de 0,05% a 0,24%, com mediana positiva de 0,16%.

O IPCA acumulado em 12 meses ficou em 4,56%, resultado também idêntico à mediana das projeções, que iam de 4,31% a 4,64%. A meta de inflação perseguida pelo Banco Central é de 3%, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos.

Os preços de energia elétrica residencial recuaram 14,21% e exerceram o impacto negativo mais intenso (-0,55 p.p.) sobre o IPCA de janeiro. Fernando Gonçalves, gerente do IPCA, explica que “essa queda foi decorrência da incorporação do bônus de Itaipu, creditado nas faturas emitidas em janeiro”.

A energia elétrica residencial integra o grupo da habitação, que registrou queda de 3,08% com impacto de −0,46 p.p. sobre o IPCA de janeiro.

Os preços do grupo transportes subiram 1,30% e exerceram um impacto de 0,27 p.p. sobre o IPCA de janeiro, por influência das altas em passagens aéreas (10,42%) e ônibus urbano (3,84%).

Já o grupo de alimentação e bebidas teve seu quinto aumento consecutivo (0,96%) e contribuiu com 0,21 p.p. para o índice do mês. Nesse grupo, a alimentação no domicílio subiu 1,07%, influenciado pelas altas da cenoura (36,14%), do tomate (20,27%), e do café moído (8,56%). Por outro lado, os preços da batata-inglesa (-9,12%) e do leite longa vida (-1,53%) recuaram.

Já a alimentação fora do domicílio desacelerou de 1,19% em dezembro para 0,67% em janeiro. Tanto o lanche (0,94%) quanto a refeição (0,58%) tiveram variações inferiores às do mês anterior (0,96% e 1,42%, respectivamente).

RAZÕES

A menor oferta de produtos alimentícios como o tomate e a cenoura explica a alta da inflação de alimentos apurada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de janeiro.

“A cenoura tem uma concentração de produção em Minas Gerais, Bahia e Goiás enviando menos produto para o mercado, então teve uma redução na oferta”, afirma Fernando Gonçalves, gerente da pesquisa.

“O tomate também teve problema de chuva muito intensa. Isso limitou um pouco a produção. Alguns frutos ficaram manchados, e janeiro teve esse problema de redução da produção”, afirmou o gerente da pesquisa.

Quando um produto diminui a disponibilidade no mercado, e a procura por parte dos consumidores continua a mesma, a tendência é aumento do preço, efeito da chamada “lei de oferta e procura”, disse Fernando.

Entre os itens apurados pelo IBGE, o que mais subiu em janeiro foi o de tubérculos, raízes e legumes, 8,19%. Em seguida figuram bebidas e infusões (2,96%), pescados (1,71%) e aves e ovos (1,69%).

O índice de difusão dos produtos alimentícios no IPCA de janeiro foi de 71%. Isso representa que de todos os subitens pesquisados, 71% tiveram aumento de preço.

PREÇOS

A inflação dos alimentos é um dos principais focos de preocupação do governo. Segundo o IBGE, o grupo alimentação e bebida tem um peso mensal de 21,69% no custo de vida da população com rendimento até 40 salários mínimos. O governo estuda também reduzir tarifa de importação para baratear alimentos.

CARNES

Em relação às carnes, que subiram 0,36% em janeiro, patamar bem abaixo de meses anteriores, Fernando Gonçalves fez uma relação com a chegada do período de chuvas.

“Chuvas vieram, então começa a melhorar o pasto, isso tudo traz reduções no custo de produção, que podem influenciar nesse custo final da proteína”, afirmou Fernando.

Em dezembro de 2024, a inflação das carnes fora de 5,26%. Em novembro chegou a 8,02%.