Operação do Gaeco prende diretores de hospital de Catanduva por suspeita de corrupção

Operação do Gaeco prende diretores de hospital de Catanduva por suspeita de corrupção
Gaeco explica as investigações em hospital de Catanduva (Marco Antonio dos Santos)

O promotor de Justiça João Paulo Gabriel de Souza, do Gaeco de Rio Preto, afirmou que nove pessoas foram presas nesta quinta-feira, 7, durante a Operação Duas Caras, que apura um esquema de corrupção envolvendo a terceirização de setores da saúde por prefeituras. Todos os detidos são integrantes da diretoria do Hospital Psiquiátrico Mahatma Gandhi, de Catanduva.

Segundo a investigação, os diretores criaram uma organização social para participar de concorrências públicas para administrar serviços de saúde e venceram licitações em municípios dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. No comando do serviço, a organização social de Catanduva terceirizava os serviços para empresas de fachada, controladas por eles mesmos, que superfaturavam notas fiscais.

De acordo com levantamento do Gaeco, o esquema teria começado em 2021 e há suspeita de que tenha movimentado cerca de R$ 1,6 bilhão. No entanto, o valor exato continua sendo apurado com base nos documentos contábeis apreendidos durante a operação.

O promotor João Paulo esclarece que, embora a Operação Duas Caras tenha ocorrido no mesmo dia da Operação Descalabro, deflagrada pela Polícia Federal de Ribeirão Preto e ambas tenham como alvo a mesma diretoria do hospital psiquiátrico de Catanduva, são investigações distintas.

“Na Operação Duas Caras, os alvos são ligados ao hospital e às empresas do esquema, mas nenhum agente público é objeto de mandados de prisão ou de busca e apreensão”, afirma o promotor. Já na operação da Polícia Federal, um ex-prefeito de Bebedouro é um dos alvos da investigação.

Mandados de prisão

Foram expedidos mais de uma centena de mandados, entre eles 12 de prisão temporária e outros para afastamento da entidade, busca e apreensão e indisponibilidade de bens para cumprimento nos municípios paulistas de Catanduva, Arujá, Carapicuíba, Piracicaba, Viradouro e Bauru, além de Rio de Janeiro (RJ), Maricá (RJ), Alfredo Chaves (ES), Palhoça (SC), Itapoá (SC), Mafra (SC) e São José (SC).

O subcomandante do Batalhão de Ações Especiais da Polícia Militar (Baep) de Rio Preto, Laércio Cavalari, informou que um dos alvos dos mandados de prisão não foi levado à cadeia por não apresentar condições físicas.

"Foram apreendidas cinco armas, parte delas com numeração suprimida ou sem a documentação obrigatória. Também foram recolhidas joias e relógios de alto padrão. Em alguns casos, foi necessário forçar a entrada nos imóveis, devido à tentativa de obstrução do cumprimento dos mandados", afirmou o oficial.

Intervenção

Para evitar prejuízos à população, a Justiça autorizou a manutenção dos contratos de prestação de serviços, especialmente os relacionados ao fornecimento de mão de obra médica e insumos hospitalares.

Até o fechamento desta edição a defesa da diretoria do hospital Mahatma Gandhi não tinha se manifestado.