Operação do Gaeco prende diretores de hospital de Catanduva por suspeita de corrupção

O promotor de Justiça João Paulo Gabriel de Souza, do Gaeco de Rio Preto, afirmou que nove pessoas foram presas nesta quinta-feira, 7, durante a Operação Duas Caras, que apura um esquema de corrupção envolvendo a terceirização de setores da saúde por prefeituras. Todos os detidos são integrantes da diretoria do Hospital Psiquiátrico Mahatma Gandhi, de Catanduva.
Segundo a investigação, os diretores criaram uma organização social para participar de concorrências públicas para administrar serviços de saúde e venceram licitações em municípios dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. No comando do serviço, a organização social de Catanduva terceirizava os serviços para empresas de fachada, controladas por eles mesmos, que superfaturavam notas fiscais.
De acordo com levantamento do Gaeco, o esquema teria começado em 2021 e há suspeita de que tenha movimentado cerca de R$ 1,6 bilhão. No entanto, o valor exato continua sendo apurado com base nos documentos contábeis apreendidos durante a operação.
O promotor João Paulo esclarece que, embora a Operação Duas Caras tenha ocorrido no mesmo dia da Operação Descalabro, deflagrada pela Polícia Federal de Ribeirão Preto e ambas tenham como alvo a mesma diretoria do hospital psiquiátrico de Catanduva, são investigações distintas.
“Na Operação Duas Caras, os alvos são ligados ao hospital e às empresas do esquema, mas nenhum agente público é objeto de mandados de prisão ou de busca e apreensão”, afirma o promotor. Já na operação da Polícia Federal, um ex-prefeito de Bebedouro é um dos alvos da investigação.
Mandados de prisão
Foram expedidos mais de uma centena de mandados, entre eles 12 de prisão temporária e outros para afastamento da entidade, busca e apreensão e indisponibilidade de bens para cumprimento nos municípios paulistas de Catanduva, Arujá, Carapicuíba, Piracicaba, Viradouro e Bauru, além de Rio de Janeiro (RJ), Maricá (RJ), Alfredo Chaves (ES), Palhoça (SC), Itapoá (SC), Mafra (SC) e São José (SC).
O subcomandante do Batalhão de Ações Especiais da Polícia Militar (Baep) de Rio Preto, Laércio Cavalari, informou que um dos alvos dos mandados de prisão não foi levado à cadeia por não apresentar condições físicas.
"Foram apreendidas cinco armas, parte delas com numeração suprimida ou sem a documentação obrigatória. Também foram recolhidas joias e relógios de alto padrão. Em alguns casos, foi necessário forçar a entrada nos imóveis, devido à tentativa de obstrução do cumprimento dos mandados", afirmou o oficial.
Intervenção
Para evitar prejuízos à população, a Justiça autorizou a manutenção dos contratos de prestação de serviços, especialmente os relacionados ao fornecimento de mão de obra médica e insumos hospitalares.
Até o fechamento desta edição a defesa da diretoria do hospital Mahatma Gandhi não tinha se manifestado.