Para agricultores do Noroeste paulista, o custo de produção da soja deve aumentar

Para agricultores do Noroeste paulista, o custo de produção da soja deve aumentar
(Divulgação)

As projeções para a safra de soja 2025-2026, segundo produtores da região, apontam para uma tendência de aumento de até 20% no custo de produção das plantações, além da pressão internacional sobre os preços futuros da commodity. Entre elevados custos com os insumos que vão para as lavouras, há também as incertezas com o clima e com a comercialização dos grãos no mercado interno.

“Os desafios da próxima safra são muito para os produtores, com custos que vêm só aumentando para a cultura da soja e os preços do grão têm até caído. Além disso, temos a preocupação com o clima e o aumento de 20% no custo de produção”, pontua Reginaldo Massuia, que cultiva soja no município de Nhandeara.

O produtor destaca que o custeio com a lavoura tem o maior impacto com a compra de adubos e sementes. “No ano passado, nós pagamos R$ 8 mil no bag de sementes, mas hoje já está custando R$ 10, 7 mil”, conta Reginaldo. Na cotação de preços que o produtor fez para o plantio da soja neste ano houve um registro no aumento de mais de 10% do insumo.

Nos plantios de José Luiz da Costa, em Orindiúva, a projeção também é de aumento de 20% no custeio da safra de soja de 2025-2026. “Pode até ser maior esse custo com a safra de soja, sendo que o maior impacto de preço é o de adubos, que subiu muito neste ano”, afirma o produtor.

Rentabilidade

Os sojicultores ainda destacam que a rentabilidade com o grão na safra passada não foi das melhores, principalmente com o impacto de extremo climático que diminuiu a produtividade das plantações. Para Reginaldo, a perspectiva dessa próxima safra deve ser ainda menor em renda para os produtores. “As áreas de soja vão diminuir na região, já estou vendo muitos deixando o grão para plantar a cana”, ressalta.

No mercado internacional, a incerteza ainda é maior com as tarifas comerciais anunciadas pelo governo dos Estados Unidos e a guerra tarifária com a China, maior consumidor mundial de soja. “Nesta guerra, acredito que os chineses vão comprar mais soja do Brasil e então podemos apostar em valores maiores do grão pagos ao produtor brasileiro”, diz José Luiz.

Segundo José Luiz, atualmente ele está com parte da colheita da soja anterior armazenada e aguarda a valorização dos preços do grão para comercializar o produto. “Se continuar o embate entre Estados Unidos e China, pode ser que a nossa rentabilidade melhore, com o Brasil exportando mais para o país asiático”.

O produtor e diretor de agronegócios da Associação Comercial e Empresarial de Rio Preto (Acirp), André Seixas, diz que essa questão do mercado internacional com o grão deve demandar mais produção de soja nas lavouras brasileiras. “Com as tarifas dos Estados Unidos, possivelmente a China irá comprar menos o produto do governo norte-americano e uma quantidade maior do Brasil, já que os maiores fornecedores da soja para os chineses são os Estados Unidos e o Brasil”, afirmou Seixas.