Região de Rio Preto tem mais mortes por dengue neste ano do que em 2024

Região de Rio Preto tem mais mortes por dengue neste ano do que em 2024
Fumacê realizado nos bairros é uma das armas contra o Aedes aegypti (Divulgação/Prefeitura/Jeniffer Maciel)

Dados do governo do Estado mostram o crescimento da letalidade da dengue na região de Rio Preto. Neste ano, já foram 128 mortes pela doença, contra 123 registradas em 12 meses de 2024. A estatística pode ser ainda maior, porque há 35 óbitos em investigação. O aumento se dá mesmo com menos casos registrados da doença: em todo o ano passado, foram 95.765, enquanto neste ano são 93.884.

Pesquisador da Famerp, Maurício Lacerda Nogueira aponta como um dos principais fatores para o aumento das mortes a circulação dos sorotipos 2 e 3 na região de Rio Preto.

"Essa letalidade pode ser atribuída, a uma circulação muito importante da dengue tipo 2, de genótipo muito mais cosmopolita, com um vírus conhecidamente mais agressivo. O segundo fato são os casos de dengue vírus tipo 3, que causam as manifestações mais graves da doença. E a outra coisa a ser verificada é saber qual foi a qualidade do atendimento primário das vítimas. É fundamental que seja de alta qualidade e muito rápido", afirma.

Para Jesem Orellana, pesquisador da Fundação Fiocruz, o aumento de letalidade pode ter ocorrido pelo maior rigor dos governos municipais em checar os óbitos suspeitos e colher amostras de material biológico para pedir análise em laboratório, o que evita a subnotificação da epidemia.

"O número de mortes é sutilmente maior até abril de 2025, em comparação com o total de todo o ano de 2024. Muito provavelmente, ao fim de 2025, o número total será substancialmente maior do que em 2024. Esse aumento pode ter sido influenciado por diversos fatores, incluindo melhorias na vigilância/diagnóstico de casos mais graves ou mesmo o sorotipo circulante, por exemplo", diz o pesquisador da Fiocruz.

Já Gonçalo Vecina, ex-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), acredita que deve se levar em consideração os fatores climáticos, com as altas temperaturas, condições que podem favorecer a maior proliferação do mosquito transmissor. "Importante dar uma olhada nas curvas de temperatura da região e o regime de chuvas", diz o pesquisador da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Melhora

Andréia Negri, da Vigilância Epidemiológica de Rio Preto, afirma que a epidemia foi iniciada no final de 2024, provocada pela reintrodução do sorotipo dengue 3 e pela entrada do sorotipo dengue 2 Cosmopolitan, diante dos quais grande parte da população estava suscetível. "Nesse cenário, coube ao poder público intensificar as ações de enfrentamento ao Aedes para mitigar e reduzir os impactos. Felizmente, essa mitigação já é perceptível," diz.

Ela destaca como ações tomadas em Rio Preto os investimentos em novas tecnologias de combate ao vetor, em parceria com o Ministério da Saúde; as campanhas de conscientização; as ações de nebulização realizadas aos sábados; a intensificação da retirada de criadouros pelos agentes de saúde; as parcerias intersetoriais; e a priorização das ações de enfrentamento à dengue por todas as secretarias. "Além disso, houve avanços importantes na assistência, como a ampliação da Atenção Básica, com unidades funcionando em horários estendidos e aos fins de semana, bem como o apoio da Força Nacional do SUS".