Seringais iniciam safra e preço da borracha anima produtores

A produção de seringueiras iniciou o período de pico de safra no Noroeste paulista e as perspectivas com os preços pagos no campo, desde o ciclo anterior, estão mais atrativas para o setor. Conforme dados do Instituto de Economia Agrícola (IEA), a rentabilidade com a borracha é a melhor nos últimos cinco anos, com preços que valorizaram em 118% na safra 2024–2025.
Na avaliação dos produtores da região, os preços vinham em um movimento de alta, com a falta de oferta da borracha no mercado. No entanto, o setor vem avaliando que os seringais, que deveriam estar prontos para garantir a demanda da commodity, continuam com baixo volume de coágulo para ser processado pelas usinas.
“Estamos iniciando o pico da safra e mesmo assim a produção está longe de alcançar o volume de safras passadas. Isso se dá por enfrentarmos ainda a falta de mão de obra e o clima desfavorável. Tivemos recentemente, após a chegada das chuvas, um período de calor intenso, prejudicando a produção”, conta o produtor Reginaldo Castrequini.
Segundo o presidente da Associação Paulista de Produtores e Beneficiadores de Borracha (Apabor), Fábio Magrini, além do clima muito seco, principalmente a partir de outubro do ano passado, muitos seringais foram erradicados por produtores que tiveram o impacto dos incêndios na região de Rio Preto e, nesta safra, as plantas que estão sendo mantidas não vão atingir 100% do que deveriam para garantir a produtividade.
Maior produção
Na estimativa do IEA — órgão ligado à Secretaria estadual de Agricultura — a safra da borracha do estado de São Paulo, responsável por 65% da produção brasileira, deve atingir 266 mil toneladas no ciclo 2024–2025, 8,8% maior do que a temporada anterior. O levantamento avaliou ainda que a área de cultivo nos seringais do estado paulista diminuiu 11,2% nos últimos dois anos.
Na avaliação de Renato Arantes, diretor de compras da usina Noroeste Borracha, localizada em Urupês, o início desta safra já pode ser considerado um dos mais baixos em produtividade das seringueiras. “Os preços da borracha vinham de um movimento de muita valorização, um dos melhores dos últimos 10 anos, mas a falta de frequência na sangria das árvores deve impactar em uma safra menor”.
O cenário, segundo Arantes, é reflexo ainda da retração da mão de obra para o manejo com as seringueiras. “A safra começa em outubro, com a preparação das seringueiras para que a partir de abril, no pico do ciclo, as árvores estejam prontas para a sangria. E isso não aconteceu, já que muitos produtores tiveram problemas com os parceiros. Registramos, atualmente, que os seringais estão com 35% a menos de produtividade”.