Base desarticulada vira novo desafio para Coronel Fábio na Câmara de Rio Preto

Após 40 dias, o governo do Coronel Fábio Candido (PL) tem como principal desafio político unir sua base aliada na Câmara para garantir aprovação de propostas e amenizar turbulências recentes. Mesmo com maioria de vereadores já declaradamente na base, o desgaste tem se acumulado com projetos polêmicos, que chegaram a surpreender os parlamentares, mesmo os aliados.
O prefeito já retirou de tramitação da Câmara dois projetos em menos de um mês. Em ambas as situações, parte de vereadores relataram até "surpresa" com o encaminhamento das iniciativas, o que elevou ainda mais o desgaste, creditado à desarticulação e até mesmo a certo 'atropelo' das iniciativas.
O desgaste passa pelo primeiro projeto do Executivo protocolado na Câmara que sequer chegou a tramitar. A proposta tirava caráter deliberativo do Conselho Municipal de Cultura, o que colocava em risco recursos que passam pelo Fundo Municipal de Cultura.
Já o projeto que prevendo a flexibilização do nepotismo, que foi retirado pelo prefeito na terça-feira da semana passada, provocou ainda mais desgaste com vereadores, que chegam a dizer que não foram comunicados sobre a questão. Mesmo após encaminhar substitutivo no qual excluiu a possibilidade de nomeação de parentes de vereadores para cargos em comissão, a solução encontrada foi de desistir, ao menos por ora, da proposta. O PL, partido do Coronel Fábio, tem cinco vereadores na Câmara e mesmo com aliados já declarados a indefinição continua.
O governo ainda não consegue contabilizar votos, segundo a reportagem apurou, para a aprovação de projeto de lei complementar que faz mudanças no setor de dívida ativa, que passará para Procuradoria-Geral do Município. O projeto teve votação adiada duas vezes e só deve voltar à pauta na próxima semana. Já o projeto que permite acordos com devedores só foi aprovado após duas reuniões entre parlamentares e representantes do Executivo, incluindo o secretário de Governo, Dinho Alahmar, e o procurador-geral do município, Frederico Duarte.
Por conta desse cenário, há na Câmara quem coloque em xeque a atuação de Dinho, que é ex-vereador na pasta. Há quem afirme na Câmara que dentro de 90 dias o prefeito pode alterar secretários. "Não existe uma base sólida", afirmou um vereador nesta segunda. E a expectativa é de ainda mais polêmicas. Alguns vereadores afirmam que o prefeito deve encaminhar projeto que cria cargos em comissão ou mesmo de alterações administrativas.
A desarticulação é reconhecida até por aliados e dentro do governo. Em nota, a Prefeitura afirmou que "está desenvolvendo um trabalho mais aprofundado junto a todos os vereadores". (leia abaixo).
Com a Câmara formada por 23 vereadores, o governo articulou apoio de pelo menos 18. Os que não estão nesse grupo são tidos ou como oposição ou independentes. Estão nestas duas condições Anderson Branco (Novo), que atualmente tem adotado postura de oposição na Câmara, e João Paulo Rillo (Psol), que embora adote tom ameno com o governo neste início do mandato também é visto como de oposição. Bruno Moura (PRD) e Renato Pupo (Avante) são considerados independentes. Ambos não têm poupado críticas ao governo nas sessões. Jean Dornelas, do MDB, é o quinto nome com o qual o governo não conta com apoio.
Mas até mesmo parlamentares da base já demonstraram contrariedade com propostas do chefe do Executivo. Na última sessão, por exemplo, a retirada do projeto sobre nepotismo foi vista como a "melhor decisão" do chefe do Executivo pelos aliados. Abner Tofanelli , do PSB, que é da base, foi um dos que falaram sobre o projeto na última sessão, na terça. "Fica difícil defender", afirmou, na Tribuna.