Jovem cientista da região de Jales desenvolve dispositivo que revoluciona tratamento respiratório

Jovem cientista da região de Jales desenvolve dispositivo que revoluciona tratamento respiratório
Jovem participou duas vezes da Feira Internacional de Ciências e Engenharia (Arquivo Pessoal)

Ana Elisa Brechane da Silva, de 17 anos, mesmo com a pouca idade, já coleciona prêmios científicos e o desejo de seguir no ramo da pesquisa por meio de uma formação na área de saúde. Ela é criadora do ConnectBreathe, um dispositivo de baixo custo que ajuda no diagnóstico e tratamento de doenças respiratórias.

Na maior parte de sua trajetória escolar, Ana Elisa era aluna da rede pública. Cursava o ensino médio na Escola Estadual Professora Maria das Dores Ferreira da Rocha, antes de ser transferida para um colégio particular. Com o ConnectBreathe, ela conquistou o Prêmio Carolina Bori "Ciência e Mulher", promovido pela Sociedade Brasileira para o Progesso da Ciência (SBPC).

O protótipo foi desenvolvido a partir dos conhecimentos adquiridos nas aulas de robótica e idealizado com o objetivo de oferecer uma ferramenta eficiente e acessível para pessoas que necessitam de reabilitação respiratória.

Pelo equipamento, Ana Elisa ganhou nada menos do que nove prêmios: o Prêmio Carolina Bori "Ciência e Mulher", dois primeiros lugares na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace) na categoria Ciências e Saúde, duas vezes eleito o projeto destaque do estado de São Paulo, duas vezes selecionado para a Feira Internacional de Ciências e Engenharia (International Science and Engineering Fair - ISEF), a maior feira de ciências do mundo, em Atlanta (2022) e Los Angeles (2024), 1º lugar no prêmio Manual do Mundo (2024), um prêmio especial na Codeavuor, a maior feira de IA, Codificação e Robótica para crianças e adolescentes do mundo.

"Pretendo continuar desenvolvendo pesquisas e projetos nesse segmento que agreguem à pesquisa do protótipo ConnectBreathe, para que ele possa chegar às mãos das pessoas e sendo realmente útil na nossa sociedade", afirma Ana Elisa, que é moradora de Santa Rita d'Oeste, na região de Jales.

Ideia

A ideia para o ConnectBreathe veio a partir da pandemia de Covid-19. "Percebemos o grande número de pessoas que sofriam com as sequelas respiratórias da doença, que não tinham acesso a um diagnóstico ou tratamento devido ao alto custo de equipamentos de fisioterapia respiratória", explica a jovem cientista.

"Então surgiu a ideia de criar uma ferramenta que pudesse ajudar não somente pessoas com síndrome pós-Covid, mas também aquelas que sofrem com os sintomas de patologias respiratórias como asma, bronquite, enfisema pulmonar."

A jovem conta que em 2021, quando começou a desenvolver o projeto, viu o quanto a ciência é incrível e permite desenvolver ideias para resolver problemas de milhares de pessoas, contribuindo para a sociedade. "Busco continuar pesquisando novas tecnologias para aperfeiçoar o protótipo e pretendo seguir desenvolvendo, para que este projeto realmente chegue às mãos das pessoas necessitadas, garante ela.

Influências

O amor pela ciência e a dedicação aos estudos estão, literalmente, no sangue, com ambos os pais educadores. "Tenho muito orgulho de ver o quanto minha filha se dedica ao projeto, pois desde muito nova se interessou pelas aulas de robótica, onde foram apresentados a ela alguns desafios para os quais ela aceitou desenvolver soluções", celebra a mãe, a professora de Ciências e Biologia Roseli Regina Brechane da Silva, de 44 anos.

"Foram anos de pesquisas, estudos e aperfeiçoamento, horas e finais de semana utilizados para desenvolver seu projeto. Essa atitude não é comum entre os jovens", completa Roseli.

Ana Elisa já representou o Brasil fora do País, e foi desafiador aprender o idioma de forma rápida para se comunicar de maneira eficaz. "O projeto de robótica foi fundamental para incentivar não só a ela, mas também os jovens da cidade a participarem e adquirirem novos conhecimentos", diz Emerson José da Silva, professor de Ciências e Matemática de 49 anos e pai da adolescente.

O gosto mesmo pela ciência surgiu na 1ª Feira de Robótica na Escola Estadual Professora Maria das Dores Ferreira da Rocha, onde Samuel, irmão mais velho de Ana Elisa, tinha projetos. Desde então, os trabalhos desenvolvidos chamavam a atenlção da menina, à época com 8 anos.

Ainda criança, a menina desenvolveu seu primeiro projeto, um piano para ser tocado com os pés. Aos 14 anos, representou o Brasil em Atlanta, sendo a mais nova aluna a representar o País pela Febrace. A família inteira é grata ao professor de Ana Elisa, Eder Carlos Antoniassi, que é voluntário e desperta nos alunos a paixão pela ciência.