Notas melhoram, mas desempenho de escolas de Rio Preto ainda é baixo

Notas melhoram, mas desempenho de escolas de Rio Preto ainda é baixo
Escola Cardeal Leme é a única da cidade com nota acima de 4 (Guilherme Baffi 30/4/2025)

Apesar de uma melhora no ensino médio, a maioria dos alunos das escolas estaduais de Rio Preto ainda está com desempenho baixo na prova do Saresp, aplicada anualmente para diagnosticar e acompanhar a evolução da educação básica paulista em Língua Portuguesa e Matemática. Do total de 26 escolas da cidade, 25 tiraram nota até 4,0 (desempenho baixo) e apenas uma tirou de 4,1 a 6,0 (desempenho médio) em 2024. Especialista em educação ressalta que vários fatores influenciaram neste resultado, como a desigualdade dentro de uma sala de aula durante o processo de aprendizagem.

Na comparação com 2023, as escolas melhoraram. Do total das 26 instituições de ensino, a nota de 24 subiu, a de uma empatou e apenas uma caiu. A única escola com no acima de 4 é a Cardeal Leme, que tirou 4,6. A única que teve queda no desempenho foi a Aureliano Mendonça, que saiu de 2,8 para 2,6.

Alessandro de Moura é sociólogo, doutor em ciências sociais pela Unesp e professor na rede pública estadual de Rio Preto. Ele afirma que os estudantes que têm sua rotina escolar acompanhada pelos pais e são assistidos em suas necessidades de ensino-aprendizagem saem mais preparados da escola.

"Já os estudantes que se veem sozinhos no dia a dia escolar, que não contam com auxilio familiar e não têm hábito de estudo (ou mesmo os que trabalham demais e estudam), tendem a concluir o ensino básico com maiores dificuldades", completa.

Fatores
O especialista ressalta que vários motivos explicam o baixo desempenho dos alunos, como fator estrutural, a pandemia da Covid-19, que levou a uma perda de conteúdo e também à diminuição das horas de estudo, prejudicando o hábito de estudar. Alessandro destaca cortes de investimento na educação e falta de estímulo à leitura também como fatores que influenciam no resultado.

"A isso, soma-se a alta rotatividade de professores. Hoje, mais da metade dos professores estão sob contrato temporário. Isso impede a continuidade dos trabalhos em sala, causa rupturas no processo de ensino aprendizagem e dificulta o aprofundamento dos laços pedagógicos entre professores e estudantes", afirma.

Segundo Alessandro, também é necessário levar em conta os aspectos econômicos. "A maior parte dos estudantes do ensino médio trabalha durante o dia. Sem qualificação, esses adolescentes se veem obrigados a aceitar empregos precários, trabalhos pesados que lhes esgotam o corpo e a mente. O cansaço físico e mental certamente prejudica os estudantes no momento da avaliação do Saresp", diz ele.

Iniciativas
Em nota, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo afirma que promove uma série de iniciativas para fortalecer o aprendizado dos estudantes matriculados no Ensino Fundamental e Médio. "As mudanças incluem apoio à alfabetização na idade certa em parceria com municípios paulistas, recuperação semestral com foco na recomposição da aprendizagem e ampliação de cursos de formação continuada para professores", diz em nota.

Segundo a pasta, neste ano, com objetivo de oferecer apoio a estudantes com dificuldades em matemática e língua portuguesa, a secretaria selecionou 7,5 mil estudantes da 3ª série do Ensino Médio para o programa Aluno Monitor do BEEM (Bolsa Estágio Ensino Médio).

Para Alessandro, falta a valorização da educação como processo civilizatório.

"Primeiramente é necessário dobrar o número de professores concursados (hoje temos menos de 50% do efetivo necessário). A efetivação dos professores em cada escola fortalece o vínculo entre professores, estudantes e comunidade (pais e responsáveis). Também é preciso garantir o aumento de verbas para a educação pública, bem como criar laboratórios e atualizar as bibliotecas com temas e livros que despertem interesse entre as crianças e adolescentes", finaliza.