Preço do café dispara com a alta do dólar e questões climáticas

Preço do café dispara com a alta do dólar e questões climáticas
Cafeterias repassaram aumento no preço do expresso, em média, em R$ 1 (Guilherme Baffi 5/2/2025)

A alta do preço do café no mercado global não passou incólume pelo bolso do consumidor rio-pretense, que viu o preço do pó de café - ou dele já pronto - aumentar até 30%. E não há açúcar que dê jeito de deixá-lo menos amargo.

O preço do pó de café de 500g nos supermercados consultados pelo Diário em pesquisa feita no dia 31 de janeiro, variou entre R$ 21,99 e R$ 35,98, oscilação de 63,6%. No dia 4 de fevereiro, contudo, os preços giraram entre R$ 21,59 e R$ 39,90, diferenças de até 85,1%. Nas cafeterias eles partem de R$ 39,90 e vão a R$ 56, variação de 40,3%.

Além disso, o preço do café expresso sofreu um reajuste de 10%, passando de R$ 7,50 para R$ 8,50, e o cappuccino subiu 16%, de R$ 12,50 para R$ 14,50.

O reajuste tem sido impulsionado por fatores climáticos — queda da produção causada por condições desfavoráveis — e alta do dólar, segundo o economista Hipólito Martins Filho.

“O café é uma commodity, ele subiu assustadoramente em função de duas variáveis, as questões climáticas, com a produção menor, o preço sobe, lei da oferta e procura e os custos para produzir, que com a seca o proprietário utiliza outros mecanismos, encarecendo a produção. Outro fator, é o dólar mais caro, ele puxa o preço não só do café, mas de outras commodities”.

O preço médio da saca de café arábica aferido pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), campus da USP em Piracicaba, São Paulo, chegou a R$ 2.301,60 em janeiro, maior valor desde setembro de 1997.

Segundo o IBGE, o preço do café torrado e moído de 500g teve alta para o consumidor de 39,6% em 12 meses. O produto fechou 2024 em R$ 48,90 e atualmente está na casa de R$ 50 por quilo, em média, no País.

Impacto

Para os consumidores, a alta no preço do café significa necessidade de adaptação, seja na escolha da marca no supermercado ou na frequência de visitas às cafeterias, o economista enfatiza.

“Impacta bastante, ao fazer parte da cesta básica do brasileiro, faz parte do dia a dia, não tem como fugir dessa realidade, vai ter que pesquisar, mudar de marca, quem toma café fora de casa vai ter que rever, vai tomar menos, o que se fazia duas vezes ao dia, faz só uma, até porque quem gosta de café não fica sem”, diz o economista.

As padarias e cafeterias, por sua vez, sentiram os efeitos do reajuste e para evitar uma queda brusca no faturamento, uma revisão da margem de lucro precisará ser feita. “Por o café ser um produto de entrada, quando alguém vai à cafeteria, não toma só café, aproveita e come um salgadinho, pão na chapa. Se as cafeterias não abrirem mão da parte da margem de lucro, também terá seu faturamento afetado”.

(Colaborou Ana Beatriz Aguiar)