Série destaca por que Rio Preto virou potência no universo das franquias

Série destaca por que Rio Preto virou potência no universo das franquias
Claudinei Parro, da Convex joias; negócio se reinventa ao adicionar operações 'home based' ao seu portfólio (Guilherme Baffi 24/3/2025)

Com pouco mais de 500 mil habitantes, Rio Preto é reconhecida nacionalmente como berço de algumas das maiores franquias do Brasil. Segundo ranking divulgado pela Associação Brasileira de Franchising (ABF), cinco das 50 maiores franqueadoras e quatro das 20 maiores microfranqueadoras do Brasil estão registradas na cidade.

Ir à feira nacional da ABF, em São Paulo e dizer que é de Rio Preto gera quase que interesse instantâneo. As perguntas giram quase em torno do mesmo tema, sempre em tom de curiosidade e brincadeira: o que há na água de Rio Preto para fazer com que a cidade seja tão fértil em um terreno tão competitivo?

Em função disto, o Diário foi a campo para descobrir o porquê desta relevância no cenário nacional e entrevistou alguns dos nomes mais conhecidos do setor. As respostas você confere ao longo desta terça, quarta e quinta-feira, no Diário da Região.

Ao todo, segundo o portal da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), mantido pela Prefeitura de Rio Preto, a cidade conta com 229 franqueadoras ativas espalhadas pelo município. Desde as maiores e mais conhecidas, até aquelas que iniciam seu caminho neste universo.

Trilhar um caminho de sucesso é bastante difícil, afinal a competição não se restringe às fronteiras do município, mas do Brasil e até mesmo do mundo.

“A cidade concentra alguns fatores importantes, entre eles a localização com acesso a rodovias importantes como a Washington Luís e a Transbrasiliana, além de seu aeroporto, que oferecem fácil acesso”, afirma o vice-presidente da ABF, Décio Pecin.

“No franchising, cabe ressaltar que temos um verdadeiro ecossistema: franqueadoras, franqueados, consultores, escritórios de advocacia e outros fornecedores especializados no franchising, refletindo também a forte veia empreendedora de grande parte da população”, conta.

EXPLOSÃO

O empresário do setor José Carlos Semenzato é um destes exemplos. Fundador da Microlins, em Lins, chegou em Rio Preto em 2000, quando a franquia tinha pouco mais de 50 unidades. Em 2006, quando deixou Rio Preto rumo a São Paulo, tinha 700 franqueados em todo o Brasil, além da aquisição do instituto Embelleze, em 2003. Para ele, com a quantidade de profissionais especializados no ramo, o ambiente tornou-se favorável a presença de mais empresas do setor.

“Esse marco de Microlins e Instituto Embelleze, fizeram muita diferença. Porque acabou reverberando Rio Preto no Brasil inteiro”, diz. “E isso foi criando uma cultura do franchising nos empresários de Rio Preto. Aí começam a nascer outras franquias, como o Chiquinho Sorvetes, a Prepara concursos (atual MoveEdu), e naturalmente foram nascendo várias franqueadoras, e se tornou um polo assim muito forte do franchising”, afirma Semenzato.

HUB

Em tradução literal, a palavra “hub” significa “ponto central”. Pense em um aeroporto, por exemplo. Dificilmente há um voo direto entre duas cidades menores e distantes. Mas, para ir de uma a outra, existe uma “central”, como, por exemplo, o Aeroporto de Guarulhos, que acaba recebendo voos destas duas cidades. Assim, o passageiro chega onde é necessário após passar por ele.

Ao reunir mão de obra especializada, logística facilitada e ambiente de negócios favoráveis, Rio Preto conseguiu capitalizar como “hub” de franquias. O grupo Way Foods, por exemplo, escolheu a cidade para ser sua sede.

A empresa atua com diversas marcas de delivery, maximizando o uso de dark kitchens (espaços que podem “acumular” mais de uma empresa e que atuam exclusivamente com entregas em domicílio). Atualmente, a rede possui 200 restaurantes em todo o Brasil.

“Rio Preto tem uma infraestrutura empresarial robusta, excelente logística e um ambiente favorável ao empreendedorismo”, afirma Filipe Ribeiro, diretor de marketing do grupo.

“Abriga universidades e instituições de ensino que formam profissionais preparados para atuar no setor de alimentação e gestão de negócios. Além disso, possui um ecossistema empresarial dinâmico, com redes de fornecedores eficientes e uma logística bem estruturada, facilitando a operação e expansão”, diz.

TRANSFORMAÇÃO

A Convex Joias é um dos exemplos de inserção no mercado. Com 38 anos de história, a empresa, que fabrica joias em aço, prata, prata revestida com ouro 18 quilates, tungstênio e ouro, aderiu ao modelo de franchising em 2017.

Segundo e CEO da Convex, Claudinei Parro, a formatação para o modelo de franquias foi facilitada pela quantidade de pessoas que conhecem o “caminho das pedras” no franchising, além do relacionamento com lojistas, conhecimento de mercado, desenvolvimento de um treinamento sólido e um sistema de gestão simplificado. Quase dez anos depois, a empresa conta com múltiplos modelos de franquias, atendendo a um público mais abrangente.

“Iniciamos o modelo de franquia com quiosque, posteriormente ampliamos para lojas, tanto para shoppings quanto loja de rua e recentemente também o modelo Home Based, pensado para empreendedores que desejam ingressar no setor joalheiro revendendo nossas peças”, afirma Parro.