Vírus respiratórios superlotam leitos do HCM de Rio Preto

Os vírus respiratórios são os responsáveis pela superlotação no Hospital da Criança e Maternidade (HCM) de Rio Preto. A taxa de ocupação das enfermarias pediátricas é de 100% e das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) de 173%. Infectologista do HCM destaca que os principais vírus que podem ter complicações e internação são: Influenza A e Influenza B, vírus sincicial respiratório e Covid-19.
Esses vírus respiratórios foram os responsáveis pelo aumento de 43% nos atendimentos de emergência no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2024, e de 20% no total de internações pediátricas no hospital. Com a UTI lotada, o HCM teve de utilizar leitos da saúde suplementar para atender os pacientes que necessitam de internação.
A infectologista do HCM Márcia Wakai ressalta que esses "vírus do outono" acometem, principalmente, bebês e crianças de até dois anos. A especialista explica que o paciente começa com um quadro respiratório, como se fosse um resfriado, com tosse, nariz escorrendo e espirros.
O quadro respiratório entra em uma fase evolutiva, geralmente no quinto dia de resfriado, acomete o nariz, a faringe e até o pulmão.
"Na hora que pega o pulmão, o paciente começa a tossir, fica mais cansado para respirar, com desconforto respiratório. A criança começa a ficar fadigada e gemente. Com esse desconforto, o vírus começa a atrapalhar a troca gasosa pulmonar. Nesse estágio é que o paciente precisa receber o oxigênio, seja no cateter ou outros aparelhos ou até, infelizmente, em casos mais graves, a intubação. Por isso que nessa época, no outono e inverno, tem essas dinâmicas dos processos virais", diz.
Sintomas de alerta
A infectologista afirma que pais devem estar atentos a alguns sintomas, como cansaço para respirar, o aumento da sequência respiratória e o padrão da respiração. A criança começa a ter movimentos respiratórios diferentes.
"Se a família tiver aquele oxímetro, que mede a saturação do oxigênio e estiver menor que 92%, associado ao aumento da frequência respiratória, associado a gemência ou a um padrão de febre diferente, (o paciente) precisa de uma avaliação médica para possíveis complicações que possam ser de quadro respiratório, como a pneumonia bacteriana".
Como formas de prevenção, a especialista ressalta a higiene das mãos, seja com álcool em gel ou água e sabão, evitar aglomerações, evitar também levar a criança à escola se está em um quadro infeccioso e lavagem nasal.
A vacinação, principalmente da Covid-19 e da gripe, é de suma importância para evitar complicações dos vírus.
Quem sofre
A pequena Alicia Silvia de Noronha, de quatro anos, sofre com essa mudança para o outono. A mãe, Patrícia Silvia de Noronha, ressalta que tenta métodos para evitar complicações em casa. Nesta terça, 15, a pequena precisou ir na UPA Norte.
"Nessa mudança de tempo e temperatura é mais complicado para ela. Em casa a gente procura deixar o quarto umedecido com o umidificador, a lavagem do nariz e inalação com soro para ajudar", ressalta.
O Diário também solicitou dados de atendimentos na Santa Casa e, segundo a instituição, houve aumento de 10% no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2024.
A reportagem pediu os mesmos números para a Secretaria de Saúde de Rio Preto, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.