Perícia diz que Marcondes chamou segurança de 'paca', e não 'macaco'

Perícia realizada pelo Instituto de Criminalística da Polícia Civil diz que o vice-prefeito de Rio Preto, Fábio Marcondes (PL), não chamou o segurança do Palmeiras de “macaco velho” em fevereiro, em Mirassol, após jogo entre as equipes pelo Campeonato Paulista. O laudo foi anexado nesta terça, 6, no inquérito que apura se Marcondes cometeu injúria racial. A queixa foi registrada na polícia pelo segurança Adilson Antonio de Oliveira, da equipe da Capital.
O relatório, de 42 páginas, é assinado pela perita Tatiana de Souza Machado. A conclusão da perita foi feita após análise e transcrição técnica (fonética) do trecho indicado do vídeo, que foi registrado por equipe da TV Tem, e aponta que o termo utilizado foi "paca"
No vídeo que veio à tona após a partida, Marcondes chama o segurança por repetidas vezes de "lixo" e posteriormente o teria chamado de "macaco velho", conforme relatado pelo segurança na polícia. O caso teve repercussão nacional. Marcondes chegou a tirar duas licenças médicas por dez dias e deixou a Secretaria de Obras.
O episódio ainda provocou desgaste no governo do Coronel Fábio Candido (PL). Atualmente, oficialmente ele ocupa a função de vice-prefeito e atua em conselhos vinculados à pasta. Na época, o vice afirmou que atuou em defesa de seu filho na confusão.
Laudo
A perícia diz que, no momento específico sobre o termo utilizado, Marcondes está de costas no vídeo. O laudo cita que é a voz dele, mas que a expressão "macaco" não foi confirmada pela transcrição fonética.
"Após análise e transcrição técnica (fonética) do trecho indicado, o conteúdo fonético proferido pelo indivíduo (Marcondes) no instante 3min 27s foi compreendido, por este exame, como '{Paca, véa!} Lixo!{Véa!}', e não como “Macaco velho, lixo velho!", consta no documento anexado ao inquérito.
"Portanto, eventuais interpretações ou transcrições inseridas nas legendas dos vídeos analisados não encontram respaldo técnico neste exame, seja pela escuta qualificada, seja pela análise espectrográfica", consta no documento.
O documento ainda detalha equipamento e a técnica utilizados para avaliar o vídeo.
fonética
"Cabe ressaltar que, no âmbito da fonética forense, as inferências devem basear-se em evidências acústicas e articulatórias verificáveis, evitando interpretações subjetivas ou enviesadas por contexto social, emocional ou editorial", complementa o laudo.
A defesa de Marcondes afirma que o laudo pericial "corrobora a tese de inocência" do vice-prefeito.
A defesa do segurança e o Palmeiras devem ser manifestar sobre o laudo.
Em outro trecho, o laudo aponta que "embora o vídeo contenha elementos gráficos adicionados posteriormente (legendas), não foram encontrados indícios de adulteração com o objetivo de modificar o sentido (exceto pela transcrição constantes nas imagens, com as quais a perícia não coaduna), omitir ou inserir trechos de forma indevida. A edição observada não compromete a autenticidade do conteúdo analisado".
"Ressalta-se que todas as análises seguiram rigorosamente os procedimentos da perícia oficial brasileira, de modo a garantir a integridade e confiabilidade dos resultados", afirma o documento.
No final, a perita afirma que o "Instituto de Criminalística está à disposição para posteriores exames periciais referentes a áudio e vídeo."
Inquérito
As investigações de suposta injúria racial de Marcondes contra o segurança estão a cargo da Delegacia Seccional de Rio Preto. O laudo pericial foi requisitado pelo delegado Renato Gomes Camacho. O delegado pediu dilação de prazo para prosseguir com as apurações e determinou a notificação para que Marcondes seja ouvido.
Nesta terça, o inquérito foi encaminhado para o Ministério Público de Mirassol.