Região de Rio Preto registra 19 acidentes com escorpião por dia em 2025

Em 10 anos, a região de Rio Preto registrou 57.806 casos de acidentes com escorpiões. É o Departamento Regional de Saúde (DRS) com o maior número de casos no período. Neste ano, o Noroeste paulista já tem 2.679 casos, o que equivale a uma média de 19 por dia. Os dados fazem parte de plataforma do governo de São Paulo que mostra os acidentes causados por animais peçonhentos.
O empresário João Vitor Ferreira de Souza, de Rio Preto, já encontrou escorpião na residência em quatro situações. Um foi localizado no quarto da filha, outro na varanda externa e dois nos corredores da casa. Com crianças em casa, de dois e quatro anos de idade, felizmente nenhum acidente foi registrado.
"É um medo constante. Estamos sempre atentos e, à noite, antes de pisar no chão, iluminamos. Agora fazemos dedetização a cada três meses, colocamos telas em ralos e vedação nas frestas de portas", diz o empresário.
Bióloga na Vigilância Ambiental de Rio Preto, Viviane Sanches Masiteli explica que um dos fatores que favorecem a reprodução dos escorpiões na região é a temperatura quente. O acúmulo de lixo também é propício.
"Os escorpiões se alimentam e têm abrigo em locais que têm descarte irregular de lixo ou em locais que não são limpos. Onde se tem lixo, tem mais barata. O escorpião é um animal predador natural das baratas. Se no local tem um aumento populacional desse inseto, aumenta também a proliferação dos escorpiões", diz ela.
Viviane destaca que, em Rio Preto, a equipe faz o monitoramento semanal do escorpião. Eles capturam e avaliam a infestação desses animais na cidade e fazem os indicadores. O que se percebe é que, quando tem um aumento da temperatura, mais próximo do final do ano, na primavera e verão, aumenta o avistamento dos escorpiões.
"A gente pede que, se a pessoa tiver dúvida, entre em contato com a Ouvidoria (da Saúde) ou com o Conselho Municipal de Saúde, que a gente faz abertura dessas solicitações para fazer visita no local. Quando vamos até o local, identificamos quais são os fatores de risco e a fazemos as orientações cabíveis", afirma a especialista.
Barreiras
Dentro dos imóveis, o escorpião não tem um local fixo para ficar. Viviane explica que o animal sai à noite para se alimentar e retorna para outro local. Por essa razão, é importante que a população esteja atenta a alguns cuidados para evitar acidentes.
Nas redes sociais circula uma foto em que aparece a tomada tampada com uma fita adesiva. A especialista explica que essa ação pode ser uma barreira física que pode evitar o surgimento de escorpião e cita outras. "Muitas residências a gente vê que tem o ralo que fecha, mas a pessoa não tem o costume de deixá-lo fechado. Só abra na hora do uso; importante também tampar todas as saídas de esgoto; pia da cozinha; vedar todas as frestas; e limpeza. Pedimos para as pessoas não fazer o acúmulo de materiais, como tijolo, madeira, tudo isso serve de abrigo para o animal", ressalta.
Caso a pessoa encontre o escorpião dentro de casa, o indicado é fazer o esmagamento do animal. Segundo Viviane, a manipulação do animal pode causar um acidente.
Veneno não
A especialista destaca que usar veneno para eliminar o escorpião não é indicado. Quanto mais a pessoa utiliza, mais tem a dispersão do animal. "O escorpião tem no abdômen dele estruturas, apêndices sensoriais que detectam a presença de alguma substância nociva. Então, eles fecham os estigmas pulmonares e conseguem ficar sem respirar e sem entrar em contato com aquele veneno e saem do local. Nesse momento pode acontecer o acidente", finaliza.